Referencial teórico: Como organizar e escrever?
- Amália Machado
- 4 de ago.
- 3 min de leitura
O referencial teórico é um dos pilares da sua dissertação, tese, TCC ou artigo científico. Se você está se perguntando como escrever o referencial teórico de forma clara, lógica e relevante — este post é para você.
Vamos entender o que é o referencial teórico, qual a sua função na pesquisa acadêmica e apresentar 4 formas de estruturar esse capítulo de maneira eficaz. Tudo isso com foco em facilitar a sua escrita e melhorar a compreensão do seu leitor.
O que é referencial teórico?
O referencial teórico é o capítulo em que você apresenta, com base na literatura científica, os principais conceitos, modelos, abordagens e teorias que sustentam a sua pesquisa. Ele funciona como uma base sólida para justificar o seu problema de pesquisa e orientar a construção do seu raciocínio.
Ou seja: é aqui que você mostra que sabe o que está sendo discutido na sua área de estudo — e em que ponto sua pesquisa se insere nesse debate.
Esse texto deve ser escrito com base em uma revisão de literatura bem estruturada, com critérios claros de busca e seleção de fontes. Não importa se você usa uma revisão integrativa, sistemática ou narrativa: o mais importante é que sua construção seja coerente, válida e relevante para sua pesquisa.
Como escrever o referencial teórico?
O primeiro passo é saber exatamente qual é o seu problema de pesquisa. Sem isso, fica impossível escolher os conceitos certos.
Depois, você deve organizar suas leituras e identificar os autores, teorias ou debates que vão fundamentar sua argumentação. Aqui vão 4 formas de estruturar esse capítulo:
1. Estrutura cronológica
Você pode organizar os estudos por ordem de publicação, mostrando a evolução histórica dos conceitos. Comece pelos estudos mais antigos e avance até os mais recentes, explicando o que mudou ao longo do tempo.
⚠️ Cuidado: esse formato pode gerar confusão se a cronologia não for bem construída. Só relatar datas e autores não basta. É preciso analisar, comparar e discutir o que cada estudo traz de contribuição — especialmente em relação à sua pesquisa.
2. Estrutura baseada em conceitos
Essa é uma das formas mais comuns (e eficazes). Divida o capítulo em subcapítulos ou tópicos, cada um dedicado a um conceito importante do seu trabalho.
Apresente as definições, aplicações, debates e abordagens. Depois, faça a integração entre os conceitos, mostrando como eles se articulam dentro da sua pesquisa.
3. Estrutura baseada em modelos teóricos
Se sua pesquisa lida com modelos, teorias ou estruturas analíticas, essa pode ser uma excelente opção. Você pode apresentar, comparar e discutir os principais modelos utilizados por outros autores — e justificar por que escolheu um (ou mais) deles para a sua análise.
Essa estrutura é comum em pesquisas com abordagem quantitativa, mas também pode ser útil em estudos qualitativos com forte embasamento teórico.
4. Estrutura baseada em métodos
Esse formato organiza o referencial com base nos métodos utilizados por outros pesquisadores que investigaram o mesmo fenômeno que você.
Você pode agrupar estudos por tipo metodológico (revisões, experimentos, estudos de caso, etc.) e discutir os resultados e limitações de cada abordagem. Isso ajuda a posicionar melhor sua própria pesquisa no campo.
Dica final: evite fazer um “resumo de autores”
Um erro muito comum é simplesmente escrever um parágrafo para cada autor, sem criar uma linha de argumentação. Isso transforma o referencial em uma colcha de retalhos.
📌 O objetivo do referencial teórico é criar uma discussão com base nas publicações existentes. Ao final do capítulo, o leitor precisa entender como você compreende os conceitos e por que decidiu usá-los da forma como está propondo.
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Conclusão
Escrever o referencial teórico é mais simples quando você entende o propósito desse capítulo e segue uma lógica na organização das ideias. Não existe uma única forma certa de estruturar, mas sim a que melhor responde ao seu problema de pesquisa.
Agora que você já sabe como organizar e escrever o referencial teórico, mãos à obra!
Um abraço,
Amália da Acadêmica